domingo, 12 de junho de 2016

Cântaro Gordo e Lagoa dos Cântaros

DIÁRIO - LVIII
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Data: 2016 (junho) 
ID do percurso: Cântaro Gordo e Lagoa dos Cântaros
Início e Fim: Covão da Ametade (Vale Glaciar do Zêzere/Serra da Estrela)
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Trajeto: Covão da Ametade > Covão Cimeiro > Cântaro Gordo > Lagoa dos Cântaros > Topo da Parede Fantasma > Covão da Ametade
Distância/Tipo: 7,84Km / circular
Tempo: 7,21 horas
Grau de dificuldade: Dificil
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Descrição: Apenas uma semana passou desde que andamos por estas paragens, mas tínhamos que aproveitar a paisagem primaveril e as condições meteorológicas que ainda se mantinham favoráveis para a realização deste percurso que se esperava algo exigente e, em boa verdade, o desejo de voltar também era muito.

Com bastante sol e temperaturas amenas, as cores da primavera ainda se mantinham bem vivas e davam mais charme à beleza natural das montanhas, e foi neste cenário de luz e de cor que chegamos bem cedo ao Covão da Ametade.

O objetivo era efetuar a subida clássica ao cume do Cântaro Gordo, com descida para a Lagoa dos Cântaros, num percurso circular, no sentido dos ponteiros do relógio, com começo e fim na Ametade, e íamos preparados para atacar a descida para a Lagoa por duas vias distintas, a teoricamente mais fácil, pelo vale cavado na face sul do Cântaro Gordo ou descendo a face abrupta virada para o nascente.

Visto do topo do Gordo, o desnível da via nascente afigurava-se muito mais complicada para a descida, mas foi por unanimidade que optamos pela esta via e apesar dos constrangimentos na parte final da descida, se não foi a melhor opção, pelo menos foi a mais enriquecedora pelos desafios que tivemos que vencer.

A ascensão ao Cântaro Gordo, apesar do desnível acentuado não é complicada até mesmo no que à navegação se refere, sendo que esta pode ser feita visualmente, com relativa facilidade, pelos mariolas e pelos vestígios do pisoteio de quem já tomou o rumo do Cântaro ou de outros destinos, porque seguir pelas marcas oficiais do trilho do Maciço Central (PR5), que poderiam ajudar até perto do desvio para a subida do Gordo, é para esquecer, porque já conheceram melhores dias.

O grau de difícil prende-se com o desnível acumulado e principalmente com a descida da escarpa virada a nascente do Cântaro, que deve ser feita com cuidado e que, perto do final da descida para a Lagoa, nos causou algum embaraço quando tentamos avançar por dentro da mata cerrada de giestas bem crescidas, que nos cobriam por completo, criando muita dificuldade na progressão (só à força de catana), dificuldades agravadas também pelo expelir de nuvens brancas de pólenes que se libertavam à medida que abríamos caminho pelo matagal. Tirando alguma irritação nos olhos e nariz, felizmente que não se confirmaram os receios de que a inalação destas poeiras nos viessem a causar problemas respiratórios.

Ainda tentamos abrir passagem pela nossa direita, até chegar a uma linha de água que abastece a Lagoa, mas desistimos e percebemos que chegando perto do paredão rochoso que nos acompanhava à nossa esquerda, era mais fácil abrir uma via por entre as rochas e algumas giestas e descer com relativa facilidade até chegarmos à margem da Lagoa.

Depois de tomarmos o nosso merecido reforço e desfrutarmos a bonita envolvente onde a Lagoa se encaixa, iniciamos o regresso até ao Covão da Ametade, que se faz por um carreteiro de traçado fácil, bem sinalizado por mariolas, que nos permite ir deslumbrando com as vistas maravilhosas para os Vales Glaciários da Candeeira e do Zêzere e de todo o maciço onde se encaixam os Cântaros.

Lá mais para finais do outono regressaremos de novo a esta Lagoa e, desta vez, por uma via mais rápida, a partir do Covão da Ametade, no sentido inverso ao que fizemos agora, para ensaiar uns disparos com a máquina fotográfica ao nascer do sol, momento em que os feixes luminosos se projetam na face nascente do Cântaro e se refletem no espelho da Lagoa, criando imagens únicas. 
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Inicio da subida desde o Covão da Ametade

Vista para a pedra do equilibrio


Lá ao fundo o cervunal do Covão Cimeiro.

O Cântaro Magro testemunhava a nossa subida.


Vista para as Lagoas dos Cântaros e da Candeeira

Vista para o cume do Cântaro Gordo

Lagoa da Candeeira ou Bezerra

Pausa para reforço e que paisagem!



Lagoa da Paixão ou Peixão

Chegada ao cume.

Ela tem tendência para se chegar aos precipícios...


"Se não escalas a montanha jamais poderás contemplar a paisagem"
(Pablo Neruda)


Zoom para os Poios Brancos, do outro lado do Vale Glaciar e na linha do horizonte vislumbramos a Serra da Malcata.

A descida delicada para a Lagoa



Olhando para de onde viemos



O Gordo com a sua Lagoa aos pés






Olhando para trás e pensando que viemos lá bem de cima.

Vista para os três Cântaros, da esquerda para a direita, o Raso, o Magro e o Gordo.



Topo da Parede Fantasma (treino de escalada)


Em destaque o Cântaro Gordo e em baixo o Covão Cimeiro e o seu cervunal.


domingo, 5 de junho de 2016

Cântaros Magro e Raso

DIÁRIO - LVII
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Data: 2016 (junho) 
ID do percurso: Cântaros Magro e Raso
Início e Fim: Centro de Limpeza de Neves (Piornos/Serra da Estrela)
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Trajeto: Centro de Limpeza de Neves > Nave de Sto.António > Covão da Ametade > Covão Cimeiro > Cântaro Magro > Covão do Boi > Cântaro Raso > Sra. da Boa Estrela >  Nave de Sto.António > Centro de Limpeza de Neves
Distância/Tipo: 10,4Km  / circular
Tempo: 7,31  horas
Grau de dificuldade: Dificil
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Descrição: Este é daqueles percursos que se devem fazer com alguma preparação e com condições meteorológicas ideais e, se não fora isso, talvez que a noite mal dormida e a viagem de quase três horas que levamos para aqui chegar, nos tivessem demovido de fazer esta caminhada.

A Serra estava linda, vestida de primavera, tingida de amarelos, rosas e brancos, e este cenário ainda atrasou o início da caminhada porque nos “obrigou” a várias paragens para tirar algumas fotos, de forma que optamos por estacionar o carro logo que chegamos aos Piornos, no parque que fica defronte ao centro de limpeza das neves.

Breve preparação e descemos à pradaria de montanha ou cervunal da Nave de Sto. António, construindo desde aí um trilho circular, no sentido contrário aos ponteiros do relógio, que nos leva a passar neste início de percurso por um pequeno bosque de bétulas e pinheiros-silvestres, que logo abandonamos, para descer à estrada que nos permite admirar toda a grandeza do Vale Glaciar do Zêzere e nos leva até ao Covão da Ametade.

Começamos aqui verdadeiramente o nosso trilho de montanha, neste recanto paradisíaco, onde o rio Zêzere começa a dar os primeiros passos, e iniciamos a subida que começa por ser algo íngreme, mas que ainda se faz bem.

A pouco e pouco vamos deixando para trás a pequena floresta de vidoeiros e logo chegamos ao Covão Cimeiro, este anfiteatro natural da Serra da Estrela, onde as primeiras águas do Zêzere se juntam, depois de drenadas das encostas dos Cântaros, para seguirem o seu caminho natural em direção aos níveis inferiores.

Pequena pausa para reforço e logo descemos até à orla do cervunal, indo ao encontro do caos de blocos graníticos que nos levam à cascalheira da “Rua das Roseiras”.

Agora é que começa a subida penosa até ao nível superior do Cântaro Magro, sobranceiro à estrada, com a subida ao cume a ficar para outra etapa.

A paisagem majestosa do Cântaro, vista do sopé, mete respeito e quando chegamos ao patamar junto à estrada, a sensação de termos cumprido o desafio para o qual nos preparamos é gratificante e foi também bonito de se ver a escalada da parede virada a poente, levada a cabo por um pequeno grupo de afoitos que já cumpriam metade da sua epopeia. Mas a nossa praia era outra e não ficamos para testemunhar a chegada ao topo.

A partir daqui todo o resto do percurso foi fácil, apenas uma pequena subida sem complicações até ao Cântaro Raso, adornado no seu cume com um círculo de mariolas gigantes, avistando-se deste ponto uma paisagem de encher o olho e o coração, com vista para todos os quadrantes (a Torre, os outros Cântaros irmãos, o Poio do Judeu, a Nave Sto.António, a Lagoa do Viriato, os Poios Brancos, a Ametade, o Vale Glaciar).

Aproveitamos para fazer a segunda pausa para reforço, descendo depois em direção ao Covão do Boi e à Sra. da Estrela, para iniciarmos então a longa descida do Espinhaço de Cão pelo Trilho do Major, com vistas para o Covão do Ferro, o Covão da Mulher, a barragem do Padre Alfredo e o vale glaciário de Alforfa, caminho que nos levou de novo à Nave de Sto. António, com passagem pelo fontanário para nos refrescarmos e daí regressamos ao ponto de partida, concluindo mais um percurso fantástico, embora exigente, nesta Serra maravilhosa.

E agora, rumo a Manteigas que a família Lopes já nos espera.
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Vista para o Vale Glaciar de Alforfa
Nave de Santo António
Casa abrigo da Nave de Sto.António

Pequeno bosque antes de descer à estrada.

Fonte da Jonja

Covão da Ametade

Início da subida até ao Covão Cimeiro
Vista para o Cântaro Magro
Vista para a Pedra do Equilíbrio



O caminho entre a vegetação que esconde linhas de água e o caos de blocos de granito.

Cervunal do Covão Cimeiro
Vista para o outro Cântaro, o Gordo




Cascalheira da "Rua das Roseiras"
Lá em cima o viaduto que suporta a estrada que segue para a Torre.
Já falta pouco...



Os dois cotas no Corredor dos Mercadores
Os Cântaros Magro e Gordo e lá em baixo o Covão Cimeiro
Grupo de escaladores a trepar a parede oeste.


As "queijeiras" do Covão do Boi




Cântaro Raso


Vista para o Covão da Ametade e Vale Glaciar do Zêzere
Ela já escolheu a "poltrona", porque este é o momento para fazer uma pausa para contemplar uma das mais belas paisagens da Serra da Estrela.


Senhora da Boa Estrela

Covão do Ferro

Barragem do Padre Alfredo 
Junto ás casas, o Covão da Mulher, e ao fundo, o Vale Glaciar de Alforfa, o Alto da Pedrice e a Cascalheira do Diabo.
A concluir o Trilho do Major
Vista para o Geodésico do Cascalvo

Fontanário da Nave de Santo António
Ela hoje faz anos e também por isso está radiante. Parabéns.