quinta-feira, 21 de maio de 2015

PR4 (MTG)-Rota do Carvão

DIÁRIO - XXXI
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Data: 2015 (maio)
ID do percurso: PR4 (MTG)-Rota do Carvão
Início/Fim: Manteigas (Serra da Estrela)
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Trajeto: Manteigas > Observatório Meteorológico > Penhas Douradas (Casa da Fraga – Fragão do Corvo) > Seixo Branco > Vale das Éguas > Geodésico Curral do Martins > Nave da Mestra > Charca do Perdigueiro > Lage do Gamão > Covais > Manteigas
Distância/Tipo: 23,76Km / circular
Tempo: 8 horas
Grau de dificuldade: Moderado
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Descrição: A Rota do Carvão leva-nos a percorrer os caminhos que no passado eram calcorreados por quem ganhava a vida com a venda do carvão, produzido através da queima das raízes das Urzes, um arbusto lenhoso com flores de cores diversas, uma planta melífera por excelência, sendo muito abundantes na Estrela e que pintam, nesta altura do ano (primavera), um colorido fantástico em todas as suas vertentes, dominadas pelas Urzes de floração lilás ou branco pérola.

Esta já é a segunda vez que realizamos este bonito e exigente percurso, que tem início na Vila de Manteigas.

Tudo preparado e após a primeira refeição da manhã, lá seguimos pelas calçadas da Vila começando a subida em ziguezague, que pode ser penosa (dependente das faculdades  de cada sujeito e das condições do tempo), até ao Observatório Meteorológico das Penhas Douradas.

Aqui chegados, somos recebidos por um rebanho de ovelhas, o seu guarda, um puro serra da estrela, e o seu pastor, com quem confraternizamos e que ficou sempre na dúvida se eramos portugueses (para ele só os estrangeiros é que deambulam pela serra com mochilas às costas e varas nas mãos).

Seguimos cada um o seu caminho à entrada da floresta dos Pinheiros-do-Oregon, que atravessamos até chegarmos à Casa da Fraga a 1.475 metros de altitude, habitação que se encontra em ruínas, construída entre enormes penedos de granito e que, segundo o painel informativo, foi morada de César Henriques o primeiro habitante das Penhas Douradas, que escolheu este local, a mando do seu médico, para se curar da tuberculose.

Neste ponto justifica-se um pequeno desvio do percurso para dar uma saltada ao miradouro do Fragão do Corvo, próximo das Penhas Douradas, onde se pode desfrutar de uma paisagem de cortar a respiração sobre a Vila de Manteigas a cidade da Guarda, a serra de Gredos, na vizinha Espanha e o mais que a vista de cada um alcança.

Feito o justificado desvio, retomamos o percurso para sair do trilho uma vez mais, em direção a um afloramento de quartzo róseo conhecido por Seixo Branco, uma raridade nesta serra.

Rumamos agora pelo planalto central da serra passando por um pequeno oásis, o Vale das Éguas, uma zona de cervunal (pastos) e de arvoredo luxuriante e logo estamos a percorrer o andar superior da serra, por uma paisagem repleta de cor onde dominam as flores lilases e brancas das urzes, os amarelos das giestas os verdes fortes dos zimbrais, um autêntico postal ilustrado de cores.

Ao longe já se enxerga no alto do monte o geodésico do Curral do Martins, onde subimos para admirar a paisagem em direção à Torre, podendo-se avistar desde aí os globos enormes dos antigos radares da Força Aérea.

Descemos e caminhamos para a joia da coroa deste percurso, a Nave da Mestra, um enorme maciço de granito fraturado em forma de L, onde se encontra a famosa Talisca (fenda) que, ao contrário da primeira vez que fizemos este trilho (eram outras as condições de tempo), não hesitamos agora em atravessar, no sentido descendente, com cuidado, visto que passar com as mochilas não é pera doce (uma pessoa de dimensões generosas deve completar o circuito contornando a Nave da Mestra por fora, porque corre o risco de ficar entalado, acreditem).

Neste local idílico aproveitamos para repousar e retemperar forças, acampando no cervunal junto a mesa e bancos de granito. Fantástico.

A partir daqui iniciamos o caminho de regresso a Manteigas pelo lado do maciço que bordeja a parte superior do Vale Glaciar do Zêzere, passando pela lagoa do Perdigueiro, a Lage do Gamão, avistando-se à nossa frente o penedo das Pedras Sobrepostas (dois blocos gêmeos de granito) e logo estamos a descer em direção à estrada florestal dos Covais que nos vai levar de regresso a Manteigas, não antes de nos deliciarmos com a vista deslumbrante do Glaciar do Zêzere que corre lá no fundo do vale. Lindo.
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