DIÁRIO
- XXI
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Data: 2015
(fevereiro)
ID do percurso: PR6
(MTG) – Rota do Glaciar
Início/Fim: Parque
cimeiro ao Inatel (Manteigas/Serra da Estrela).
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Trajeto: Parque
cimeiro ao Inatel > Vale Glaciar > Covão da Ametade > Vale Glaciar
> Parque cimeiro ao Inatel
Distância/Tipo: 18 Km
/ Linear
Tempo: 7
horas
Grau de dificuldade: Fácil
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Descrição: Para
muitos de nós a Serra da Estrela é sinónimo de romarias à Torre em dias de
neve, mas há muito mais a descobrir sobre a cadeia montanhosa mais imponente e
interessante de Portugal Continental.
À volta da montanha encontram-se os cinco vales glaciários mais importantes os
quais se podem percorrer por caminhos pedestres. Os Vales Glaciários do Zêzere,
do Alforfa, de Loriga, do Covão Grande e do Covão do Urso.
Optamos
agora por fazer o Vale Glaciar do Zêzere e, chegada a altura de gozar um curto
período de férias, rumamos em direção à Vila de Manteigas, não sem antes termos
que fazer a nossa reserva de alojamento, com algum tempo de antecedência,
porque a oferta é pouca e nesta altura do ano a procura é muita. Por esse
facto, não pudemos expectar que as condições meteorológicas fossem as ideais.
Em
boa verdade o tempo até estava limpo e as paisagens soberbas, mas havia muita
neve, demasiada neve e muito frio, mesmo muito frio.
Queríamos
iniciar a Rota do Glaciar do Zêzere no largo que fica na estrada superior às
instalações do Inatel de Manteigas, fazendo de carro os poucos quilómetros que
distavam até aí, só que primeiro tivemos que remover a espessa camada de gelo
do para-brisas (a temperatura do ar nessa manhã registava os 5ºC negativos).
Depois
de queimadas as bases das unhas das mãos na tentativa de ajudar a remover o
gelo do para-brisas, de cada vez que despejava sobre este mais uma garrafa de
água, cumprida parcialmente a tarefa, lá seguimos para as proximidades do
Inatel (da próxima vez não me vou esquecer de colocar anticongelante no
depósito do limpa-vidros), para iniciarmos finalmente o percurso pedestre.
Com
os movimentos do corpo entorpecidos com a quantidade de agasalhos que levávamos
vestido, fizemos os primeiros quilómetros por um estradão de terra que passa
pelas “cortes”, casas típicas de granito, tendo sempre a linha de água do
Zêzere pela nossa esquerda até o atravessarmos no açude da Mini-hidrica.
Neste
ponto já nos tínhamos “libertado” de alguns agasalhos apesar de irmos ao
encontro de cada vez mais neve e gelo.
Ao
longo do vale a paisagem é soberba e à medida que nos aproximamos do Covão da
Ametade, ainda é mais. Os Cântaros Raso, Magro e Gordo, assim vistos por esta
ordem, embelezados com o manto de neve que os cobre, emprestam um cenário
mágico a este lado da serra.
O
caminho faz-se agora com algum cuidado por causa do gelo em alguns pontos do
troço e não trazemos equipamento adequado para andar em cima dele, mas
equilibramo-nos com os bastões que dão uma ajuda preciosa. Logo se ultrapassa
esta zona e, com mais segurança, á vista do Covão da Ametade, já vamos em cima
de muita neve.
Subimos
à estrada e continuamos por esta até ao Covão onde paramos para abastecer,
tomar uma merecida bebida quente e fazer o ponto da situação.
Pela
quantidade de neve era óbvio que seria muito complicado de fazer o resto do
percurso do Covão até à Torre pelo que, prevalecendo o bom senso, regressamos
ao ponto de partida pelo mesmo caminho.
Apesar
de não termos feito a totalidade do percurso, este trilho não deixou de ficar
na memória como sendo um dos mais bonitos que fizemos até hoje nesta linda
Serra (no momento em que escrevo este diário já gastamos muita sola nesta
Maravilhosa Serra).
Percurso de cinco estrelas.