domingo, 8 de fevereiro de 2015

PR6 (MTG) – Rota do Glaciar

DIÁRIO - XXI
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Data: 2015 (fevereiro)
ID do percurso: PR6 (MTG) – Rota do Glaciar
Início/Fim: Parque cimeiro ao Inatel (Manteigas/Serra da Estrela).
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Trajeto: Parque cimeiro ao Inatel > Vale Glaciar > Covão da Ametade > Vale Glaciar > Parque cimeiro ao Inatel
Distância/Tipo: 18 Km / Linear
Tempo: 7 horas
Grau de dificuldade: Fácil
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Descrição:  Para muitos de nós a Serra da Estrela é sinónimo de romarias à Torre em dias de neve, mas há muito mais a descobrir sobre a cadeia montanhosa mais imponente e interessante de Portugal Continental.

À volta da montanha encontram-se os cinco vales glaciários mais importantes os quais se podem percorrer por caminhos pedestres. Os Vales Glaciários do Zêzere, do Alforfa, de Loriga, do Covão Grande e do Covão do Urso.

Optamos agora por fazer o Vale Glaciar do Zêzere e, chegada a altura de gozar um curto período de férias, rumamos em direção à Vila de Manteigas, não sem antes termos que fazer a nossa reserva de alojamento, com algum tempo de antecedência, porque a oferta é pouca e nesta altura do ano a procura é muita. Por esse facto, não pudemos expectar que as condições meteorológicas fossem as ideais.

Em boa verdade o tempo até estava limpo e as paisagens soberbas, mas havia muita neve, demasiada neve e muito frio, mesmo muito frio.

Queríamos iniciar a Rota do Glaciar do Zêzere no largo que fica na estrada superior às instalações do Inatel de Manteigas, fazendo de carro os poucos quilómetros que distavam até aí, só que primeiro tivemos que remover a espessa camada de gelo do para-brisas (a temperatura do ar nessa manhã registava os 5ºC negativos).

Depois de queimadas as bases das unhas das mãos na tentativa de ajudar a remover o gelo do para-brisas, de cada vez que despejava sobre este mais uma garrafa de água, cumprida parcialmente a tarefa, lá seguimos para as proximidades do Inatel (da próxima vez não me vou esquecer de colocar anticongelante no depósito do limpa-vidros), para iniciarmos finalmente o percurso pedestre.

Com os movimentos do corpo entorpecidos com a quantidade de agasalhos que levávamos vestido, fizemos os primeiros quilómetros por um estradão de terra que passa pelas “cortes”, casas típicas de granito, tendo sempre a linha de água do Zêzere pela nossa esquerda até o atravessarmos no açude da Mini-hidrica.

Neste ponto já nos tínhamos “libertado” de alguns agasalhos apesar de irmos ao encontro de cada vez mais neve e gelo.

Ao longo do vale a paisagem é soberba e à medida que nos aproximamos do Covão da Ametade, ainda é mais. Os Cântaros Raso, Magro e Gordo, assim vistos por esta ordem, embelezados com o manto de neve que os cobre, emprestam um cenário mágico a este lado da serra.

O caminho faz-se agora com algum cuidado por causa do gelo em alguns pontos do troço e não trazemos equipamento adequado para andar em cima dele, mas equilibramo-nos com os bastões que dão uma ajuda preciosa. Logo se ultrapassa esta zona e, com mais segurança, á vista do Covão da Ametade, já vamos em cima de muita neve.

Subimos à estrada e continuamos por esta até ao Covão onde paramos para abastecer, tomar uma merecida bebida quente e fazer o ponto da situação.

Pela quantidade de neve era óbvio que seria muito complicado de fazer o resto do percurso do Covão até à Torre pelo que, prevalecendo o bom senso, regressamos ao ponto de partida pelo mesmo caminho.

Apesar de não termos feito a totalidade do percurso, este trilho não deixou de ficar na memória como sendo um dos mais bonitos que fizemos até hoje nesta linda Serra (no momento em que escrevo este diário já gastamos muita sola nesta Maravilhosa Serra).

Percurso de cinco estrelas.
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